Podemos definir Governança Corporativa como um conjunto de práticas que direcionam como uma empresa será gerenciada, com base em uma atuação ética e responsável.
Com a crescente relevância da agenda ESG, a governança assume um papel essencial para garantir que as empresas construam um relacionamento de confiança com seus stakeholders e obtenham um diferencial competitivo para fortalecer sua posição no mercado.
Mas como ampliar este ecossistema e incluir a cadeia de fornecimento nesse processo?
O que significa Governança?
O termo “governança” origina-se do ato de governar. Em essência, governança refere-se ao processo de administrar, orientar, organizar e desenvolver estratégias para tomar decisões eficazes.
A governança pode ser aplicada a diferentes tipos de organizações, como empresas, governos e ONGs, e se concentra em como as decisões são tomadas, quem toma as decisões e como a organização é conduzida para atingir seus objetivos de forma alinhada com os valores e interesses dos stakeholders.
Essas decisões são fundamentadas em princípios como ética, transparência, segurança, crescimento e a busca por resultados sustentáveis.
Qual a relação entre Governança e Governabilidade?
A relação entre governança e governabilidade está no fato de que ambas tratam de tomada de decisões, mas em escalas e contextos diferentes. A Governabilidade é sobre a capacidade de um governo ou liderança de administrar e implementar suas decisões com sucesso, mantendo a estabilidade.
Enquanto a governabilidade mede a eficiência na execução e o suporte necessário para implementar políticas, a governança define como essas políticas são planejadas, controladas e monitoradas.
Ambos os conceitos são interdependentes: uma boa governança pode fortalecer a governabilidade, ao passo que uma governabilidade fraca pode comprometer a efetividade da governança.
Governança tem o mesmo objetivo que gestão?
Governança e gestão, embora estejam relacionados, possuem conceitos e objetivos diferentes. A gestão engloba processos e práticas para alcançar determinado objetivo. Envolve planejamento estratégico, utilização adequada de recursos, tomada de decisões, liderança e o monitoramento do desempenho.
Por outro lado, a governança eficiente estabelece a estrutura de tomada de decisão e os mecanismos de controle necessários para garantir que a gestão seja realizada de forma ética e responsável. Juntas, a gestão e a governança promovem a transparência, a prestação de contas e a confiança nas organizações.
Em um exemplo prático, enquanto a equipe de gestão de uma empresa toma decisões sobre novos produtos, investimentos em marketing, contratação de pessoal e expansão para novos mercados, a governança define as diretrizes e políticas gerais da empresa para assegurar que a gestão está sendo conduzida em conformidade com a legislação, garantindo também que existam mecanismos de controle para prevenir fraudes e garantir a responsabilidade na utilização dos recursos.
Governança Corporativa nas empresas
A governança corporativa surgiu na década de 1980 nos Estados Unidos como um movimento impulsionado por acionistas e investidores em busca de proteção contra abusos da diretoria das empresas e a ineficiência dos conselhos de administração.
Em sua essência, a governança corporativa se refere ao sistema de regras, práticas e processos que norteiam a administração de uma organização pública ou privada.
Ela abrange os relacionamentos entre várias partes interessadas, como acionistas,alta direção, colaboradores, clientes, fornecedores e a comunidade em geral.
A Governança Corporativa devidamente implementada com estratégias, análises, fiscalização e planejamento leva as corporações a atingir seus objetivos de forma ética, transparente e em conformidade, equilibrando interesses de todas as partes.
Assim, auxilia as organizações a se consolidarem como uma marca responsável, garantindo diferenciais competitivos a longo prazo.
Quais são os princípios da Governança Corporativa?
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, atualmente há cinco princípios que norteiam uma boa política de governança. Veja quais são:
1. Integridade
Incluído em 2023, após a revisão do Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa, este princípio destaca a importância de praticar e promover o contínuo aprimoramento da cultura ética na organização, evitando decisões sob a influência de conflitos de interesses.
2. Transparência
O intuito de ser transparente é disponibilizar a todas as partes interessadas, informações verdadeiras e claras, sejam elas positivas ou negativas.
Vale salientar que quando falamos de transparência no compartilhamento de informações, estas não se restringem apenas ao desempenho econômico-financeiro. É preciso levar em consideração também fatores ambientais e sociais.
3. Prestação de Contas (Accountability)
Este princípio aponta a importância da empresa prestar contas com diligência, independência e com vistas à geração de valor sustentável no longo prazo, assumindo a responsabilidade pelas consequências de seus atos e omissões.
4. Equidade
Quando falamos de equidade, isso significa tratar sócios e demais partes interessadas de maneira justa, levando em consideração seus direitos, deveres e expectativas, seja individual ou coletivamente.
A equidade pressupõe uma abordagem diferenciada, motivada pelo senso de justiça, respeito, diversidade, inclusão, pluralismo e igualdade de direitos e oportunidades.
5. Sustentabilidade
O princípio da sustentabilidade na Governança Corporativa visa zelar pela viabilidade econômico-financeira da organização no curto, médio e longo prazos.
Isso envolve integrar aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) nas decisões estratégicas e operacionais, promovendo um equilíbrio entre os objetivos financeiros e o compromisso com práticas éticas e responsáveis.
Por que implementar uma política de Governança Corporativa?
Uma estrutura de governança corporativa proporciona tomadas de decisão mais claras. Ao estabelecer diretrizes que orientam uma atuação ética e alinhadas com os objetivos estratégicos e valores da organização, essa estrutura assegura decisões responsáveis e consistentes.
Outro ponto que vale ressaltar: práticas de governança pautadas em transparência também ajudam a promover a confiança das partes interessadas. Com isso, os stakeholders possuem uma visão clara das estratégias, riscos e oportunidades da organização, ampliando possibilidades de investimentos que potencializam o crescimento da empresa no longo prazo.
Governança Corporativa e ESG
A governança corporativa é um dos pilares fundamentais do ESG, pois. como falamos até o momento, trata da forma como a empresa é dirigida e suas responsabilidades perante seus stakeholders. No contexto ESG, uma boa governança garante que as políticas ambientais e sociais sejam seguidas de maneira ética e transparente.
Ela assegura que as decisões estratégicas sejam tomadas com a devida responsabilidade, levando em consideração não apenas os interesses financeiros, mas também o impacto social e ambiental das ações da empresa.
Governança Corporativa na Cadeia de Fornecimento
Mais do que se preocupar em implementar internamente boas práticas de governança, é necessário ter esse mesmo olhar para a cadeia de fornecimento, uma vez que é peça-chave para continuidade e resiliência das operações de uma organização.
Entenda os impactos de uma gestão de fornecedores, pautada em aspectos de governança corporativa.
1. Mitiga riscos nos relacionamentos comerciais
Com práticas de governança corporativa, as empresas estabelecem processos rigorosos de auditoria e avaliação de fornecedores, auxiliando na identificação e mitigação de riscos financeiros, operacionais, legais e reputacionais.
Na prática, uma empresa pode, por exemplo, realizar uma auditoria externa em fornecedores mais críticos e verificar aspectos como condições de trabalho, segurança e práticas financeiras.
Assim, verifica se este fornecedor está envolvido ou não em práticas ilícitas que possam prejudicar a reputação da empresa. Isso também favorece as negociações mais claras e fortalece as parcerias de longo prazo.
Leia mais: Gestão de Riscos Éticos na cadeia de fornecimento: estratégias de mitigação
2. Eficiência e redução de custos
A governança promove a análise contínua de processos e práticas, tornando a cadeia de suprimentos mais eficiente. Isso se traduz em redução de custos e consequentemente, possível impacto positivo no caixa da empresa.
Por exemplo, ao implementar auditorias periódicas, uma empresa pode identificar parceiros que utilizam métodos de produção mais sustentáveis e eficientes, que no longo prazo, refletem em menor consumo de recursos, redução de desperdícios e menor impacto ambiental. Com esse cenário, esses fornecedores podem também oferecer condições mais favoráveis, como melhores preços e prazos durante o relacionamento comercial, reforçando a parceria e garantindo maior estabilidade das operações.
3. Sustentabilidade e responsabilidade Social
A responsabilidade social e ambiental é cada vez mais um fator decisivo para consumidores e investidores. Selecionar parceiros que compartilham esses valores e estejam comprometidos com a ética e a responsabilidade, contribui para uma cadeia de suprimentos mais sustentável e responsável.
Além disso, reforça a posição da sua empresa como uma organização comprometida com a sustentabilidade, responsabilidade social e governança.
7 aspectos de Governança Corporativa a serem analisados em um processo de homologação de fornecedor
Avaliar se o seu fornecedor também implementa uma estrutura sólida de governança corporativa dentro do próprio negócio, com transparência, responsabilidade e ética, contribui para maior segurança na sua operação, pois em geral, são parceiros mais comprometidos com a qualidade e conformidade, como já citamos anteriormente.
Veja alguns aspectos que devem ser analisados em um processo de homologação para entender o nível de comprometimento deste fornecedor, assim como possíveis riscos que o mesmo pode trazer ao seu negócio:
- Entenda se o fornecedor tem um processo estruturado de Governança Corporativa ou está em vias de implementação. Analise, caso seja aplicável, se há composição de conselho de administração, comitês especializados (comitê de auditoria, por exemplo), a separação entre as funções de presidente do conselho e CEO, entre outros.
- Avalie se este fornecedor possui mecanismos de controle interno, como políticas de compliance, gestão de riscos, auditorias externas e internas. Há políticas de integridade, como canais de denúncia, suporte às ações de detecção, investigação e sanção a possíveis irregularidades?
- Entenda como o fornecedor divulga informações aos acionistas (se houver) e ao mercado, se atua com transparência em relação às informações financeiras enão financeiras. Por exemplo, há a publicação de relatórios de sustentabilidade?
- Você também pode incluir a avaliação da cultura organizacional. Existem Códigos de Conduta, diversidade e inclusão no ambiente de trabalho? Há ações estruturadas relacionadas à Responsabilidade Social Corporativa?
- Verifique se algum integrante da alta administração da empresa já foi ou está sendo acusado, investigado, processado ou condenado por alguma prática ilícita como fraude, lavagem de dinheiro, suborno ou corrupção.
- Identifique se a empresa está em conformidade com as leis de manipulação e proteção de dados, desde a coleta de informações até as estratégias de marketing da empresa.
- Identifique se o fornecedor possui certificações relevantes sobre Governança Corporativa. A ISO 37000 é um bom exemplo, uma vez que aborda diretrizes relacionadas à liderança, riscos, responsabilidade social, sustentabilidade, desempenho, etc.
Conclusão
A Governança Corporativa é um conjunto de diretrizes que orienta a gestão e a tomada de decisões dentro das empresas, promovendo transparência, responsabilidade e ética nas relações com todos os stakeholders.
Avaliar como os fornecedores têm desempenhado ações de governança em seus negócios contribui para fortalecer a resiliência da cadeia de suprimentos, reduzir riscos reputacionais e garantir que suas operações estejam em conformidade com as melhores práticas do mercado.
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